Pâncreas artificial
Pâncreas artificial deve ser o termo que está mais em alta nos últimos tempos. Se você não faz ideia do que isso significa, fica comigo que eu vou te explicar os detalhes e te passar vários links legais que ensinam como você pode fazer o seu próprio pâncreas artificial. E já vou adiantando, esse pâncreas não é um órgão robótico futurista como a gente vê em filmes, e não é necessário transplante nenhum para utilizar. Muito bem vindo ao dicionário do diabético, um lugar para gente aprender de forma objetiva sobre diabetes. Nessa série do Blog você encontra os principais termos que fazem parte da nossa rotina, então fica o convite para você olhar os outros posts depois.
Como eu já comentei no começo do post, eu acho que esse nome de Pâncreas artificial pode trazer uma ideia diferente do que realmente é. A primeira vez que ouvi o termo, eu realmente achava que era um órgão artificial que a gente colocava dentro do nosso corpo, e a partir daí, minha diabetes estaria curada. Mas não é bem assim.
Pâncreas artificial é um sistema tecnológico que vai simular a ação de um pâncreas saudável, tudo isso fora do seu corpo mesmo, com o objetivo de manter a glicemia controlada. Afinal de contas, esse é um dos principais objetivos do pâncreas biológico, liberar hormônios que regulam os níveis de glicose no sangue. Um pâncreas real desempenha outras atividades importantes para o nosso corpo, mas aqui focamos apenas na aplicação de insulina, pois é o hormônio em falta para os diabéticos.
Esse sistema é composto normalmente por três dispositivos diferentes, sendo eles a bomba de insulina, um sensor de monitorização contínua da glicose, e um celular. Se você ainda não sabe o que é uma bomba de insulina ou o sensor, também chamado de cgm, checa os links que vou deixar no final do post, lá falo sobre isso.
O objetivo do pâncreas artificial é bem simples: regular os níveis de glicose no sangue de forma automática, com pouca intervenção humana. E a lógica é simples. Primeiro é estabelecido uma glicemia alvo, digamos 100. Aí o sensor de glicose vai monitorar sua glicemia e enviar esses dados para o seu celular. Lá, vai ter um algoritmo que avalia a cada minuto sua glicemia e faz uma previsão do futuro, para saber se a tendência é de queda, alta ou estabilidade. Dependendo se essa previsão estiver longe da glicemia alvo, o algoritmo manda um sinal para a bomba de insulina, normalmente por bluetooth, pedindo para ela aplicar mais insulina ou menos. Isso tudo de forma automática. É muito massa entender como esse algoritmo funciona, ele leva em conta a quantidade de insulina ativa, os carboidratos ingeridos, o histórico de glicemia e por aí vai. Vou deixar um link para quem tiver curiosidade.
Resumindo, temos um loop que acontece a cada minuto. Checagem da glicose, avaliação do algoritmo que decide uma dose de insulina e aplicação da insulina pela bomba. É legal comentar que essas doses de insulina minuto a minuto são doses bem pequenas, chamadas de micro doses. Mas então como que funciona durante as refeições, onde é necessário aplicar doses altas de insulina de uma vez só? E a correção de hiperglicemias? É nessa hora que entra a intervenção humana. Ainda é necessário calcular os carboidratos ingeridos e notificar o sistema para aplicar de uma vez só uma dose maior de insulina.
Apesar das insulinas hoje em dia serem muito rápidas, ainda não é possível que o sistema decifre o quanto você está comendo de carboidratos e aplique o tanto certo. Pensa comigo. Na hora que o sistema começar a detectar que a glicemia está subindo muito, já vai ser tarde demais, pois a insulina ainda demora um tempo para começar a agir. É claro que isso tudo depende da quantidade de carboidratos que você está comendo. Em uma refeição low-carb por exemplo, onde a glicemia sobe bem devagar, pode ser que o algoritmo dê conta do recado. Aliás, já tem novos algoritmos que estão em testes que prometem resolver todos esses problemas que eu comentei, mas eu confesso que acho muito difícil com as insulinas que temos atualmente. A não ser que elas fiquem ultra mega hiper rápidas, ainda acho que o usuário vai ter que inserir de forma aproximada quantos carboidratos está comendo. E aí que eu vejo uma grande vantagem desse sistema. Você não vai precisar fazer uma contagem de carboidratos precisa. Vai bastar dar um chute e o sistema vai te ajudando a corrigir a glicemia.
E vale mesmo a pena ter esse sistema de pâncreas artificial? É vantajoso? Bom, vai depender muito do seu caso. Se você é dependente de insulina e já está acostumado com a bomba por exemplo, pode ser uma boa opção para você, pois pode melhorar demais seu controle glicêmico. Já vi pessoas que usam esse sistema e conseguem hemoglobina glicada de 5,7% ou até menos, além de reduzir bastante o estresse diário do tratamento. Isso é praticamente glicemia de um não diabético. É um avanço tremendo para quem precisa aplicar insulina todos os dias, como é meu caso. A principal desvantagem que eu vejo é o custo para manter esse sistema operando. A manutenção da bomba de insulina já é cara, mas no pâncreas artificial você não pode ficar nenhum dia sem o CGM, portanto tem mais esse custo. Mas com o tempo a tendência é que o preço vá diminuindo.
Eu comentei no começo do post que eu ia passar alguns links explicando como você pode fazer seu próprio pâncreas artificial. Eu disse isso porque existem vários projetos desenvolvidos pela comunidade que te ensinam a adaptar sua bomba de insulina tradicional em um sistema de pâncreas artificial. São projetos bem antigos que foram lançados muitos anos atrás, quando ainda não havia nenhum dispositivo oficial sendo vendido. São milhares de pessoas do mundo inteiro que usam, inclusive aqui no Brasil tem vários grupos de pessoas que trocam experiência e se ajudam para instalar o sistema.
Mais recentemente, diversos modelos foram lançados no mercado que atuam como pâncreas artificial. Infelizmente muitos deles não estão disponíveis no Brasil, mas vou deixar todos os detalhes aqui embaixo.
TODOS os links que falo no post estão aqui:
▸ Resumão Bomba de Insulina
▸ O que é CGM
Caso prefira, veja a seguir um vídeo sobre esse assunto.
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